terça-feira, 11 de setembro de 2007

O meu dia

Levantei-me ás 10 horas tomei o meu nescafé e ouvi umas notícias, e, por volta das 10.30, fui ao banco. Por volta das onze, (mais tarde do que eu previa, mas havia manutenção na segurança do estabelecimento, que resultou em demora extra), saí do banco. Porque era cedo para ir almoçar, juntei o útil ao agradável, e resolvi pegar no meu portátil e ir tomar um café e , ao mesmo tempo, mostrar umas fotos que tirei ontem na Sra da P. das quais já preparei um filme que coloquei na internet, à senhora do café, uma senhora nova e atraente e que tem posto por aqui várias mentes em distúrbio e pela qual eu tenho simpatia e amizade pois entendo a coragem que tem para enfrentar a vida que por vezes nos traz certas dificuldades, pois, dizia eu, a mesma senhora, (que tal como eu gosta de brincar com coisas sérias e que a nossa amizade poderá aparentar, sem ser verdade, qualquer coisa diferente), estava na grande festa ( ...não vou falar no ornamento do andor que tinha 22 metros de altura (segundo ouvi lá dizer), que caiu casualmente pelo seu lado, estando o mesmo andor virado de frente para a capela, na cerimónia de o abanar para cima e para baixo na direcção do sacrário. Vamos chamar-lhe "milagre"o mesmo objecto não ter caído sobre a multidão que se amontoava no adro da mesma capela), e pediu-me para tirar umas fotos ao seu filho e sobrinho que tocam na fanfarra dos Bombeiros que actuou na procissão, e portanto gostaria de vê-las.
Embora não seja crente até gostei da tarde, pois àparte de muitas fotografias e algum video, encontrei lá umas amigas, uma das quais, a que estava com a filha que, por ventura, é muito simpática e divertida gostando também de troçar comigo, me pediu para tirar também uma fotografia ao seu sobrinho.

Acabou por ser uma manhã divertida. Áparte de sentir o calor e simpatia da dona do estabelecimento, ( a tal senhora que vejo comprensivelmente a ser cobiçada por admiradores que se pensam invisíveis, mas que a uma pessoa um pouco experiente deixam antever claramente os seus desejos), apareceram no café uns amigos com os quais eu não conversava há bastante tempo, (pois são como eu ás vezes só se vêem quando estão de férias), a quem mostrei os videos amadores que tenho feito gravando actividades desta zona. Agradou-me ver na sua cara a alegria que expressavam ao se identificarem com as actividades de lazer que eu lhes divulgava.(...). -Poderiam ser melhores um bocadinho, mas assim também serve, pois "vale mais um pássaro na mira que dois a voar" - ouvi comentar.
Conversei também com um senhor cujos filhos eu conheço e convivi nos meus tempos de liceu, sendo informado, que, infelizmente e por infortúnio, a doença levou um deles.
Porque, áparte da má notícia, a conversa com este senhor tornou-se tão amigável, que me esqueci das horas e fui almoçar um pouco mais tarde.
Ao almoço conversei com a minha mãe sobre o facto de ter decidido sair do país, voltando novamente ao outro país onde tenho vivido, pois aqui a vida tem sido bastante ingrata para mim, pois, infelizmente, não me consigo ambientar a uma sociedade que eu penso cultural e mentalmente fraca e, sobretudo, absorta em fracos simbolos ou mesmo símbolos fracassados.
Depois de almoço fui levar o meu sobrinho à cidade. Como tinha determinado a começar a pintar a minha casa, pensei ir antes tomar um café ao café da mesma senhora.
Depois de pedir um café à senhora ( que tem muitos amigos e não me convidou nem tinha nada que convidar a ir com ela ao arraial de ontem), porque estavam umas amigas na esplanada, fui buscar o jornal e sentei-me numa mesa ao lado. Entretanto chegou uma outra amiga que se sentou na minha mesa começando assim uma conversa animada.
Porque não havia nada que fazer, a senhora, a tão desejada, resolveu sentar-se na nossa mesa, recostando-se numa cadeira a meu lado. Como é óbvio, por ter tão boa companhia e porque palavra puxa palavra, acabei por esquecer-me das horas e não ir fazer o que tinha determinado. Por volta das cinco e meia, fui encontrar-me com um amigo e uma amiga, esta uma senhora também muito simpática, que me tinham pedido para ir com eles comprar batatas. Entretanto fui buscar a um restaurante um cd fotográfico sobre uma procissão do ano passado, que fui entregar a um amigalhaço.
Depois disto fui jantar ao meu restaurante habitual, que, a título de curiosidade, tem também uma senhora, a esposa do proprietário, com a qual eu gosto de me rir ao dizer-lhe que a comida não me satisfaz, pondo-a assim nervosa e engraçada. Acho muito bem, pois esta senhora, também simpática, é uma pessoa muito exigente no que faz, não gostando assim que troçem do seu trabalho.
Voltei a casa e liguei a televisão.
Sentindo-me um pouco melancólico, resolvi ir tomar um café ao café que fica a meu lado.
Para satisfação minha, encontrei um primo meu com o qual eu gosto de conversar, pois que é das poucas pessoas que conseguem manter uma mente aberta conseguindo manter o diálogo.
Decorria a nossa já envolvente conversa, quando chegou um senhor, (que para fortúnio dele tem um bom emprego no Estado e por isso talvez pense ou veja em si alguma autoridade), que nos interrompeu a conversa, para me fazer um tipo de perguntas, ás quais só existia a sua resposta, que, por estranho que pareça, (pois, penso eu, nunca notei nele indícios de constrangimentos por algo que eu lhe tenha dito ou feito, pois penso que nunca me cruzei no seu caminho, ou se calhar atravessei, tudo depende do que esteja ou estivesse acontecendo), não me deixando sequer responder, me convidou insistentemente e muito vigorosamente, a voltar para o país que me acolheu e que acolhe os portugueses que têm necessidade, apoiando-se numa dificuldade diplomática em relação à supremacia, (a galinha do rico põe pelo bico, a galinha do pobre quer pôr e não pode), entre estes dois países. É claro que isto me levou a pensar que se tornou óbvio que não posso deixar de excluir a ideia que esta provocação tenha sido premeditada, pois, pela minha experiência, para as coisas que, por qualquer razão, não se conseguem dizer directamente a alguém, a mente humana arranja subterfúgios para não conseguir dizer nada. Só que para nosso mal, as coisas muitas vezes estão declaradas na nossa cara, actos e omissões, e, que eu saiba, ainda não está provada a invisibilidade.
Um pouco triste, mas contudo sorridente pois penso que não há nada inexplicável, conversei um pouco mais com o meu querido primo que esteve sempre a meu lado, e resolvi vir até casa para lhes contar o meu dia, que está quase acabado.
Já agora: " Falar é uma das formas de nos tornarmos desconhecidos" Miguel Torga
Já agora: " Sinto-me feliz porque consigo num dia verificar a dualidade "
10/09/2007
Anónimo