quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Gostava de ser político

Gostava de ser político
na palavra a demagogia
ser um certo partido
minha vida dia a dia.

Ser um Marx ser um monstro
um promotor de ideias
um mundo que eu encontro
na vida de todos os dias.

Dizer o que se tem
aceite por verdadeiro
aquilo que se desdém
dizê-lo o tempo inteiro.

Dizer que sou o melhor
e que posso ser presidente
o meu partido é o maior
a governar toda a gente.

3/10/95

domingo, 27 de janeiro de 2008

Anjo da Guarda

Voltei a cair.
voltei a ver as ilustres lágrimas
virem absorver-me de dor e sofrimento .
nos subúrbios do inferno que vivia dentro de mim ,
palavras contaminadas de ódio ,
batalhavam todas as horas , todos os minutos , todos os segundos
para atingir e concretizar com sucesso e maldade
um único objectivo de me ver morrer ,
pela pessoa ,
a quem eu teimava dedicar a minha vida .
um difícil
ajuste de contas que eu próprio criei ,
sem pensar .
estas , convidavam para o meu dia
uma angústia feia de se ver ,
e um choro condenado
que se libertava quando queria e bem lhe apetecia .
quando jamais se pensava ,
uma linda voz me atraiu novamente .
aquela que uma vez me deu a mão ,
me levou para caminhos elegantes de alegria ,
me fez sentir o quanto é bom alcançar o auge da felicidade .
trouxe com ela ,
um lindo apagador apaixonado ,
que conseguiu
esconder o passado e fazer-me acreditar no futuro .
Sem dúvida ,
que introduziu nesta cabeça
umas séries de filmes impossíveis de viver ,
mas construiu ,
uma deliciosa certeza de que se pode viver só por amar .
só por te amares a ti ,
só por amares quem te faz sentir bem ,
só por teres o prazer de amar .

António Ribeiro @ 2008

17 anos

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Existo...

Existo na subjectividade.
O que sou é subjectivo.
Não sei se o que penso
é o pretendido.
Sou o incompreendido.
.
A minha consciência
é a incompreensão de tudo isto.
Digo o que não sou.
Faço o que não digo.
Vejo, sem saber se está
compreendido
por vezes, uma ilusão do perdido.
Crio uma imagem do conhecido.
Reajo de acordo ao favorecido
ao querido e não querido.
.
Escrevo o que não digo...
28/9/95

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Ela é bela


Ela é bela
um encanto.
Se eu só penso nela
é porque a amo tanto.
.
Olhos cor do céu
das nuvens e do tempo
um olhar que é o meu
sempre no pensamento.
.
Os seus lábios e seus beijos
e toda a sua afeição
alimentam-me os desejos
satisfazem-me o coração.
.
O seu corpo é o horizonte
de tudo aquilo que sou
aquilo que ela sente
é o paraíso em que estou.
.
Não posso viver sem ela
minha querida e amada
eu quero viver com ela
senão a vida está acabada.
1/10/95

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Poema de amor

Dá-me um anel; mas que seja
como o anel em que cingida
tem gemido toda a minha vida.
Dá-me um anel; mas de ferro,
negro, bem negro, da cor
desta minha acerba dor,
deste meu negro desterro!
.
Dá-me um anel; mas de ferro...
Sempre comigo hei-de tê-lo;
há-de ser o negro elo,
que me prenda à sepultura.
Quero-o negro...seja o estigma,
que decifre o escuro enigma,
duma grande desventura.
.
Dá-me um anel; mas de ferro,
que resista mais que os ossos
dum cadáver aos destroços
do roaz verme do pó.
Entre as cinzas alvacentas,
como espólio das tormentas
apareça o ferro só.
..
E o teu nome impresso nele,
falará dum grande amor,
nutrido em ânsias de dor,
pelo fel da sociedade...
Que teu nome nele escrito,
nesse padrão infinito,
vá comigo à Eternidade
.
Camilo Castelo Branco

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

As Rosas

As Rosas amo dos jardins de Adónis,

essas volucres amo, Lídia, rosas,

que em o dia em que nascem,

em esse dia morrem.

A luz para elas é eterna, porque

nascem nascido já o sol, e acabam

antes que Apolo deixe

o seu curso visível.

Assim façamos nossa vida um dia,

inscientes, Lídia, voluntariamente

que há noite antes e após

o pouco que duramos.

Ricardo Reis

sábado, 12 de janeiro de 2008

Não a Ti, Cristo


Não a Ti, Cristo, odeio ou menosprezo
que aos outros deuses que te precederam
na memória dos homens.
Nem mais nem menos és, mas outro deus.

No Panteão faltavas. Pois que vieste
no Panteão o teu lugar ocupa,
mas cuida não procures
usurpar o que aos outros é devido.

Teu vulto triste e comovido sobre
a 'steril dor da humanidade antiga
sim, nova pulcritude
trouxe ao antigo Panteão incerto.

Mas que os teus crentes te não ergam sobre
outros, antigos deuses que dataram
por filhos de Saturno
de mais perto da origem igual das coisas.

E melhores memórias recolheram
do primitivo caos e da Noite
onde os deuses não são
mais que as estrelas súbditas do Fado.

Tu não és mais que um deus a mais no eterno
não a ti, mas aos teus, odeio, Cristo.
Panteão que preside
à nossa vida incerta.

Nem maior nem menor que os novos deuses,
tua sombria forma dolorida
trouxe algo que faltava
do número dos divos.

Por isso reina a par de outros no Olimpo,
ou pela triste terra se quiseres
vai enxugar o pranto
dos humanos que sofrem.

Não venham, porém, 'stultos teus cultores
em teu nome vedar o eterno culto
das presenças maiores
ou parceiras da tua.

A esses, sim, do âmago eu odeio
do crente peito, e a esses eu não sigo,
supersticiosos leigos
na ciência dos deuses.

Ah, aumentai, não combatendo nunca.
enriquecei o Olimpo, aos deuses dando
cada vez maior força
p'lo número maior.

Basta os males que o Fado as Parcas fez
por seu intuito natural fazerem
nós homens nos façamos
unidos pelos deuses.

Ricardo Reis

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Que Futuro?

Até há bem pouco tempo este lugar estava rodeado de giestas e silveiredo alto não deixando ver nada para além de 50 metros. ( fazia este caminho como atalho quando estudava no liceu e foi sempre mato de giestas altas sendo ao longo dos tempos o local próprio para se recolher estacas para os feijões, uso e costume do pessoal da zona). Pobre Santa que durante este tempo todo só podia ver o Pioledo entre as árvores e sabe-se lá quantas rezas teve e tem que fazer pelo que lá se passa. Mas agora o sofrimento aumentou. Dum momento para o outro, a Senhora de Lurdes, como é chamado o antigamente possível culto, que começou a ser construido nos princípios do século vinte, ficando-se pelo Altar-Mor , o culto da Santa e os perfeitos muros e portões à volta, tendo sido também em tempos palco da festa à santa que acabando levou o culto mariano ao abandono, dum momento para o outro dizia eu, este lugar passou de um espaço coberto de árvores (talvez o abandono por várias razões não fosse assim tão anti-natural), para um lugar sem vestigios do que estávamos habituados. Para mim não há problema que esteja limpo e que a Santa agora possa ver o que se passa ao seu lado, mas digam-me por favor que aquele lugar vai ser transformado num local de lazer, de paz e relaxamento, (COMO SEMPRE SE OUVIU FALAR POR AQUI) com todas as condições civilizadas de cidade civilizada do século vinte e um. Não me venham com outras artimanhas!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Balanço de visitas

Obrigado a todos!

É com prazer que lhes venho comunicar os resultados de 7 meses de trabalhos colocados nos meus blogues, cujo início foi dia 11 de Junho de 2007, quando me dispus a criar o blogue “ pacovillanova “ um blogue que é dirigido ao plano intelectual com textos, poemas e comentários meus e de outros autores, e ainda, as mais belas imagens de paisagens e pessoas ou temas famosos. Como não podia deixar de ser criei logo a seguir o blogue “ Loja do Santos “ um blogue dedicado à exposição de trabalhos populares e tradicionais, em literatura, imagem e vídeo. Também coloquei á sua disposição o blogue “ Operemilagres “ um pouco de meditação que penso necessária. Para além destes e ao longo destes sete meses coloquei O “ Paço Tube “ um blogue onde pode ver os mais variados vídeos de festas populares, actividades culturais, viagens, lugares e pessoas. Porque gosto de fotografia introduzi as minhas fotografias no “ Paco Olhares “. Aproveitando a Net para propagar Cultura: “ Politica Social “ “ A Tradição “ “ Poesia de Pessoa “. Para pensar um pouco numa coisa diferente “ O Desvenda Mistérios “. Recordando outro século: “ Paço Encyclopedia das Famílias”. E por fim, para relaxar porque descansar também é preciso, “ Paço TV Online “ Grátis no seu PC e uma variadíssima selecção musical no “ Paco Radio Blog “ a rádio que você controla. Pode visitar estes blogues na barra lateral de todos os blogues.

.
Resultados de visitas entre 11/06/2008 – 09/01/2008

Blogues no Blogger: 7903 visitas

Vídeos

.Início 25/06/2007

.
Vila Real Promo: 1594
Rally Sabrosa: 929
Passar em Vila real: 726
Rali dos Torneiros: 553
Viagem a Vila Real: 347
Comboio Régua: 316
Marchas Sto António: 232
Descer o Alvão: 227
Procissão Sra Pena: 221
Festa Folhadela: 216
Vila Real: 106
Na feira: 86
O Ricardo: 85
Aeródromo: 84
Tuna Ao Toque: 82
Marchas II: 76
Banquete: 69
Jogo do Cepo: 66
Preparar churrasco: 65
O Mário e o Mário: 65
Marchas das duas Bilas: 59
Brincando com a música: 56
Ela dacucu: 54
O Mr Chico: 53
Passar em Vila real II: 45
As senhoras e Senhores: 43
O Conde e o seu copo: 31
Tuna II: 29
Dog’s Symphony: 28
O Rafael: 21
O Tónio: 21
Tuna Ao Toque III: 19

.Colocados: 32
Visitados: 6622 vídeos vistos
.
Nota: Apesar dos números serem singulares e modestos, quando comecei a escrever blogues, não sabia o prazer que daria verificar um dia que o nosso trabalho, aparte do orgulho que representa ser talvez apreciado, significa muito mais do que isso. Representa que todos nós também queremos conhecer os nossos semelhantes e que nunca se sabe o quão prolifero se pode tornar esta troca de ideias, através da sua exposição natural e desprendida de naturezas banais e preconceituosas, resultando muitas vezes em atitudes positivas. Penso ainda, que, através desta dinâmica poderemos melhorar o nosso meio cultural, o meio-ambiente, libertando-nos assim e ajudando ao mesmo tempo os outros a libertarem-se. Um muito obrigado e continuem a visitar os meus blogues!

Pacovillanova

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Luis Pacheco



Domingo de manhã fui com a Amada para a praia nos rochedos junto do mar vi pela primeira vez o seu corpo nu feito de espuma e onda. Ficámos calados (como quem está só) escondidos de todos à beira-água (como quem a ama, apetecendo-a como os suicidas), o seu corpo cheirava a maresia (cheiraria?). Numa grande doidice de beijos e carícias leves beijei seus pés de espuma macia… em lírica, diria: pés de sereia; em realística, diria: pés de virgem (feia); em novelística, da antiga, diria: pés de deusa brinca brincando na areia; em novelística, novíssima: patitas catitas de centopeia…, beijei seus pés; por ali mesmo comecei a beijar. Caprichos de libertino: o corpo da amada ficou lá nos rochedos à beira-água onde infatigável desfeito liquefeito brisa de maresia pairando no bafo quente do ar e eu guardo no meu quarto na minha colecção mais um sexo de donzela conservado em álcool e memória, uma mistura fácil de três por dois, tintos.



de “ Os Namorados”

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Ao meu lindo Portugal

Ajoelha-te em contrição povo da m'nha querida nação

pegada de dinossauro rosnando à sopa entornada

pela velocidade de um olhar para o futuro

amiba em coma resumindo o vazio cheiro dos hipermercados

(espelhos de nós lençóis de cal tartarugas da época)

milhafres de vidro assustados pelo tempo

cabelos de quem não vem não vai não quer vestir mais nada senão

o acaso

o incerto

o incerto o sorriso vesgo ao vestibular sismo de aparições.

Ajoelha-te, que os guardanapos espreitam preparando-te o fastio

da dor do açúcar a engarrafar as artérias.

E ainda dizem que essa tremura é coração....

O tanas... isso é falta de aguardente e de porrada!

Ó país da cínica decisão na sacristia

onde a mão que derrota na bisca não vence na vida

país que se veste para sair à rua

fato de D

fato de Domingo em saliente crise de versão.

Ò país de uma só orelha que ouves apenas o que te interessa
e passas a vida a farejar os outros com a narina mais casta

ruína do cínico resumindo o engodo que ser português é viver

num Portugal mais pequeno que as fronteiras.

O país do panfleto ressona

com a gordura a transbordar das sobrancelhas em aspa.

POEMAS COM DEDICATORIA A UM AUTO RETRATO

Ricardo Almeida

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Começa hoje o ano

Nada começa: tudo continua.
Onde 'stamos, que vemos só passar?
O dia muda, lento, no amplo ar;
Múrmura, em sombras, flui a água nua.
Vêm de longe,
Só nosso vê-las teve começar.
Em cadeias do tempo e do lugar,
É abismo o começo e ausência.

Nenhum ano começa. É Eternidade!
Agora, sempre, a mesma eterna Idade,
Precipício de Deus sobre o momento.
Na curva do amplo céu o dia esfria,
A água corre mais múrmura e sombria
E é tudo o mesmo: e verbo o pensamento.
Fernando Pessoa

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Bom Ano para os Jovens Poetas

OS CONSELHOS MAIS SINCEROS PARA JOVENS POETAS

Dói-te o fígado, não bebas
que a poesia dispensa mais uma dor como essa. Já lhe bastam os arrepios e as unhas carpindo os cabelos brancos.

Não é tragédia escrever poesia, assim como não o é escrever: valem mais os braços que os abraços.

Quando te pedirem para espreitares para cima, não queiras logo ver a lua. Antes da lua há as nuvens. Passa antes por elas e já agora limpa os óculos.

Não queiras ter tudo de uma vez que uma mão não chega para os rebuçados. Com a outra, limpa as cascas.
Não atires o pau ao gato. Qualquer pessoa inteligente sabe que ele, realmente, não morreu. Alem disso, quem não gosta de animais não gosta de estar sozinho. Um dia precisará de calmantes para adormecer.

Quem te disse que se nasce com a poesia? É mentira. Não há beleza alguma na placenta.

Se queres ser poeta, evita os fins-de-semana. Evita pensar neles e durante eles.
Ricardo Almeida