domingo, 23 de março de 2008

Sou o amor e o engano

Sou o amor e o engano
e outras coisas fatais
coisas que causam dano
coisas boas e algo mais.

Sou duas coisas na vida
a bondade e a maldade
uma esperança perdida
o mundo e a verdade.

De tudo o que a vida tem
o que vivo é dualidade
porque a natureza contém
bem e mal por vontade.

O que tenho é que julgar
o moral e o imoral
porque tenho que contar
que um destes é fatal.

5/10/95

terça-feira, 18 de março de 2008

Sabedoria popular

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Os maiores triunfos são aqueles que aceitam o maior perigo.
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O homem prudente é aquele que conhece os outros.
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O último a rir é o que ri melhor.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Para a beleza quero olhar

Para a beleza quero olhar
o sofrimento esquecer
de verdade quero amar
a vida a acontecer.
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A vida tem coisas belas
a vida tem coisas más
tem coisas que eu sem elas
da vida não era capaz.
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Tristeza e desapontamento
por vezes nos acontece
mas como por encantamento
o que é belo não perece.
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Canto o que é belo do mundo
como uma orquídea ou uma rosa
não tem topo nem fundo
é um poema ou uma prosa.
5/10/95

sábado, 8 de março de 2008

Jogar com as palavras

Jogar com as palavras
é assunto de interesse
umas que são louvadas
outras que o não acontece.

Estuda bem o que dizes
não fiques envergonhado
porque ao dizer o que sabes
não fazes mais que o indicado.

Pensa sempre que a pensar
é que a lição se aprende
precisas também julgar
a vida à tua frente.

De ti dá à vida o máximo
é com ela que aprendes
com ela podes ir ao cimo
do topo do monte das verdades.
3/10/95

terça-feira, 4 de março de 2008

Poder saber pensar! Poder saber sentir!

" Sentir é uma maçada ". Estas palavras casuais de não sei que conviva a conversa de um minuto ficou-me sempre brilhando no chão da memória. A própria forma plebeia da frase lhe dá sal e pimenta.
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Criei-me eco e abismo, pensando. Multipliquei-me aprofundando-me. O mais pequeno episódio - uma alteração saindo da luz, a queda enrolada de uma folha seca, a pétala que se despega amaralecida, a voz do outro lado do muro ou os passos de quem a diz junta aos de quem a deve escutar, o portão entreaberto da quinta velha, o pátio abrindo com um arco das casas aglomeradas ao luar - todas estas cousas, que me não pertencem, prendem-me a meditação sensível com laços de ressonância e de saudade. Em cada uma dessas sensações sou outro, renovo-me dolorosamente em cada impressão indefenida.
Vivo de impressões que me pertencem, perdulário de renúncias, outro no modo como sou eu.
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Do " Livro do desassossego "
Bernardo Soares

domingo, 2 de março de 2008

Quando me sinto inseguro

Quando me sinto inseguro
eu julgo que permaneço
a escalar um muro
sem final e sem começo.

Quero olhar para cima
e é nada o que vejo
minha vida é um enigma
em cujo papel eu sobejo.

Quero olhar para baixo
e sofro de tonturas
a minha mente relaxo
do meu medo das alturas.

Parece que fico no meio
duma emoção ou dum pensamento
pois tudo aquilo que creio
minha vida é um tormento.
03/10/95