segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Ao meu lindo Portugal

Ajoelha-te em contrição povo da m'nha querida nação

pegada de dinossauro rosnando à sopa entornada

pela velocidade de um olhar para o futuro

amiba em coma resumindo o vazio cheiro dos hipermercados

(espelhos de nós lençóis de cal tartarugas da época)

milhafres de vidro assustados pelo tempo

cabelos de quem não vem não vai não quer vestir mais nada senão

o acaso

o incerto

o incerto o sorriso vesgo ao vestibular sismo de aparições.

Ajoelha-te, que os guardanapos espreitam preparando-te o fastio

da dor do açúcar a engarrafar as artérias.

E ainda dizem que essa tremura é coração....

O tanas... isso é falta de aguardente e de porrada!

Ó país da cínica decisão na sacristia

onde a mão que derrota na bisca não vence na vida

país que se veste para sair à rua

fato de D

fato de Domingo em saliente crise de versão.

Ò país de uma só orelha que ouves apenas o que te interessa
e passas a vida a farejar os outros com a narina mais casta

ruína do cínico resumindo o engodo que ser português é viver

num Portugal mais pequeno que as fronteiras.

O país do panfleto ressona

com a gordura a transbordar das sobrancelhas em aspa.

POEMAS COM DEDICATORIA A UM AUTO RETRATO

Ricardo Almeida