quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Já Bocage não sou!... À cova escura

Já Bocage não sou!... À cova escura
meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento
leve me torne sempre a terra dura.

Conheço agora já quão vã figura
em prosa e verso fez meu louco intento.
Musa!... Tivera algum merecimento,
se um raio da razão seguisse, pura!

Eu me arrependo; a língua quase fria
brade em alto pregão à mocidade,
que atrás do som fantástico corria:

Outro Aretino fui... A santidade
manchei!... Oh! Se me creste, gente ímpia,
rasga meus versos, crê na eternidade!

Bocage