quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Neste caminho



Neste caminho

do sol que se põe no Marão

vivo sozinho

mas não a solidão.



Os horizontes que vivo

de mais que uma serra

fazem-me sentir cativo

pela beleza desta terra.



Quando olho para as montanhas

que tenho ao meu redor

sinto nas minhas entranhas

a aumentar o ardor.



O ardor das coisas belas.

O ardor das coisas reais.

Um sussurro das estrelas

e das coisas imortais.



Do seu alto sonho voar

nas galáxias me embrenhar

o meu pó por elas espalhar

para a morte enganar.



26/09/2007

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Cantem-se hinos

Cantem-se hinos
faça-se ouvir a música
ranjam-se os tambores.
Chegou o Incriado
o Não-Existente
o Absoluto.
Desceu pelas estrelas
saltimbanco
nas ruas da minha aldeia.
Olhou para mim que o conheço.
Deu-me a mão no entendimento.
Fez de mim o meu herói.
Rasgou as nuvens na compreensão.
Fez-se ouvir comigo.
Criou a minha imagem.
Abram alas e deixem passar
a voz da consciência.
29/9/95

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

A Palavra

Atrás não volta a palavra
é aquilo que eu penso.

Uma vez que seja dada
uma imagem é criada
num espaço que é imenso.

Apagá-la é impossível
No espaço cósmico existe.

Uma vez que foi criada
uma criança foi formada
num mundo que não existe.
1/10/95

sábado, 15 de setembro de 2007

O primeiro e o último

Há o primeiro e o último.
Não sou um nem outro.
Resvalo numa subida
e ao cair me encontro.

Ser o último ou o primeiro
obriga-me a raciocinar
Quando morre um pensamento
foi um primeiro a acabar.

Ser o primeiro ou o último
deve ser o que importa
é que é sempre o último
que tem que fechar a porta.

Deixá-lo entrar em primeiro
é dar-lhe um cumprimento
é dizer-lhe que na vida
ele cumpre entendimento.

Ser o último ou o primeiro
é uma questão de racionalidade
porque o primeiro ou o último
fazem parte da humanidade.
28/10/96

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

PACO DE LUCIA , John McLaughlin , AL DI MEOLA

mediterranean sun dance

Provérbios

Homem prevenido vale por dois.

Há sol que rega e chuva que molha.

Homem velho e mulher nova são filhos até à cova.

Há sempre um testo para uma panela.

Há quem passe pelo bosque
e só veja a lenha para o fogo.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

O meu dia

Levantei-me ás 10 horas tomei o meu nescafé e ouvi umas notícias, e, por volta das 10.30, fui ao banco. Por volta das onze, (mais tarde do que eu previa, mas havia manutenção na segurança do estabelecimento, que resultou em demora extra), saí do banco. Porque era cedo para ir almoçar, juntei o útil ao agradável, e resolvi pegar no meu portátil e ir tomar um café e , ao mesmo tempo, mostrar umas fotos que tirei ontem na Sra da P. das quais já preparei um filme que coloquei na internet, à senhora do café, uma senhora nova e atraente e que tem posto por aqui várias mentes em distúrbio e pela qual eu tenho simpatia e amizade pois entendo a coragem que tem para enfrentar a vida que por vezes nos traz certas dificuldades, pois, dizia eu, a mesma senhora, (que tal como eu gosta de brincar com coisas sérias e que a nossa amizade poderá aparentar, sem ser verdade, qualquer coisa diferente), estava na grande festa ( ...não vou falar no ornamento do andor que tinha 22 metros de altura (segundo ouvi lá dizer), que caiu casualmente pelo seu lado, estando o mesmo andor virado de frente para a capela, na cerimónia de o abanar para cima e para baixo na direcção do sacrário. Vamos chamar-lhe "milagre"o mesmo objecto não ter caído sobre a multidão que se amontoava no adro da mesma capela), e pediu-me para tirar umas fotos ao seu filho e sobrinho que tocam na fanfarra dos Bombeiros que actuou na procissão, e portanto gostaria de vê-las.
Embora não seja crente até gostei da tarde, pois àparte de muitas fotografias e algum video, encontrei lá umas amigas, uma das quais, a que estava com a filha que, por ventura, é muito simpática e divertida gostando também de troçar comigo, me pediu para tirar também uma fotografia ao seu sobrinho.

Acabou por ser uma manhã divertida. Áparte de sentir o calor e simpatia da dona do estabelecimento, ( a tal senhora que vejo comprensivelmente a ser cobiçada por admiradores que se pensam invisíveis, mas que a uma pessoa um pouco experiente deixam antever claramente os seus desejos), apareceram no café uns amigos com os quais eu não conversava há bastante tempo, (pois são como eu ás vezes só se vêem quando estão de férias), a quem mostrei os videos amadores que tenho feito gravando actividades desta zona. Agradou-me ver na sua cara a alegria que expressavam ao se identificarem com as actividades de lazer que eu lhes divulgava.(...). -Poderiam ser melhores um bocadinho, mas assim também serve, pois "vale mais um pássaro na mira que dois a voar" - ouvi comentar.
Conversei também com um senhor cujos filhos eu conheço e convivi nos meus tempos de liceu, sendo informado, que, infelizmente e por infortúnio, a doença levou um deles.
Porque, áparte da má notícia, a conversa com este senhor tornou-se tão amigável, que me esqueci das horas e fui almoçar um pouco mais tarde.
Ao almoço conversei com a minha mãe sobre o facto de ter decidido sair do país, voltando novamente ao outro país onde tenho vivido, pois aqui a vida tem sido bastante ingrata para mim, pois, infelizmente, não me consigo ambientar a uma sociedade que eu penso cultural e mentalmente fraca e, sobretudo, absorta em fracos simbolos ou mesmo símbolos fracassados.
Depois de almoço fui levar o meu sobrinho à cidade. Como tinha determinado a começar a pintar a minha casa, pensei ir antes tomar um café ao café da mesma senhora.
Depois de pedir um café à senhora ( que tem muitos amigos e não me convidou nem tinha nada que convidar a ir com ela ao arraial de ontem), porque estavam umas amigas na esplanada, fui buscar o jornal e sentei-me numa mesa ao lado. Entretanto chegou uma outra amiga que se sentou na minha mesa começando assim uma conversa animada.
Porque não havia nada que fazer, a senhora, a tão desejada, resolveu sentar-se na nossa mesa, recostando-se numa cadeira a meu lado. Como é óbvio, por ter tão boa companhia e porque palavra puxa palavra, acabei por esquecer-me das horas e não ir fazer o que tinha determinado. Por volta das cinco e meia, fui encontrar-me com um amigo e uma amiga, esta uma senhora também muito simpática, que me tinham pedido para ir com eles comprar batatas. Entretanto fui buscar a um restaurante um cd fotográfico sobre uma procissão do ano passado, que fui entregar a um amigalhaço.
Depois disto fui jantar ao meu restaurante habitual, que, a título de curiosidade, tem também uma senhora, a esposa do proprietário, com a qual eu gosto de me rir ao dizer-lhe que a comida não me satisfaz, pondo-a assim nervosa e engraçada. Acho muito bem, pois esta senhora, também simpática, é uma pessoa muito exigente no que faz, não gostando assim que troçem do seu trabalho.
Voltei a casa e liguei a televisão.
Sentindo-me um pouco melancólico, resolvi ir tomar um café ao café que fica a meu lado.
Para satisfação minha, encontrei um primo meu com o qual eu gosto de conversar, pois que é das poucas pessoas que conseguem manter uma mente aberta conseguindo manter o diálogo.
Decorria a nossa já envolvente conversa, quando chegou um senhor, (que para fortúnio dele tem um bom emprego no Estado e por isso talvez pense ou veja em si alguma autoridade), que nos interrompeu a conversa, para me fazer um tipo de perguntas, ás quais só existia a sua resposta, que, por estranho que pareça, (pois, penso eu, nunca notei nele indícios de constrangimentos por algo que eu lhe tenha dito ou feito, pois penso que nunca me cruzei no seu caminho, ou se calhar atravessei, tudo depende do que esteja ou estivesse acontecendo), não me deixando sequer responder, me convidou insistentemente e muito vigorosamente, a voltar para o país que me acolheu e que acolhe os portugueses que têm necessidade, apoiando-se numa dificuldade diplomática em relação à supremacia, (a galinha do rico põe pelo bico, a galinha do pobre quer pôr e não pode), entre estes dois países. É claro que isto me levou a pensar que se tornou óbvio que não posso deixar de excluir a ideia que esta provocação tenha sido premeditada, pois, pela minha experiência, para as coisas que, por qualquer razão, não se conseguem dizer directamente a alguém, a mente humana arranja subterfúgios para não conseguir dizer nada. Só que para nosso mal, as coisas muitas vezes estão declaradas na nossa cara, actos e omissões, e, que eu saiba, ainda não está provada a invisibilidade.
Um pouco triste, mas contudo sorridente pois penso que não há nada inexplicável, conversei um pouco mais com o meu querido primo que esteve sempre a meu lado, e resolvi vir até casa para lhes contar o meu dia, que está quase acabado.
Já agora: " Falar é uma das formas de nos tornarmos desconhecidos" Miguel Torga
Já agora: " Sinto-me feliz porque consigo num dia verificar a dualidade "
10/09/2007
Anónimo

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

O meu plano

Tenho um plano.
Conquistar o mundo.
Pegá-lo na minha mão e acariciá-lo como a uma criança.
Ensiná-lo a andar, a falar, a dar-se conta e dos subjectivismos.
Dizer-lhe o que está certo e o que está errado.
Contar-lhe histórias de embalar.
Falar-lhe nos pragmatismos.
Da lei da causa e do efeito.
Do seu interior e do dos outros.
Ensinar-lhe a fazer conjecturas.
A compreensão e o entendimento.
Levá-lo a fazer perguntas, a colocar dúvidas.
A pôr questões.
A louvar tudo o que existe.

1/10/95

sábado, 8 de setembro de 2007

A Trouxa Mouxa cultural




Se gosta dum bom espectáculo cultural, ou, se pensa aprender algo com um Grupo que, com o devido mérito, se apresenta já como um grupo profissional, VISITE o seu novo BLOGUE, onde se pode inteirar sobre a sua vida cultural, que passou a fazer parte do nosso quotidiano.
http://www.atrouxamouxa.blogspot.com/

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Um estranho no meu caminho

Um estranho no meu caminho
ocupou-me a atenção
Eu tentei esquecê-lo
mas o seu desassossego pareceu-me
algo que devia conhecer.
Estou caminhando até ele
Preciso fazer essa viagem
O porquê de ás vezes a mente descarrilar
de qualquer maneira
Eu preciso entender isso
A alma consegue ver mais
do que um olhar
Que confusão é essa na tua cabeça?
por momentos estás perto da verdade
mas parece que não te sentes à vontade
para a abraçar.
Que confusão é essa na tua cabeça?
por momentos consegues libertar a tua alma
mas parece que sentes que o mundo
não é um sitio seguro para sonhares.
Então pensas que estás a dar
passos no escuro
( a dor de quem é posto de parte )
Começas a ouvir vozes
( mas o que mais te perturba é o seu eco )
Tu não sabes como a ti mesmo te comandares.
Sons estranhos correm na tua mente
Ideias geniais voam no teu horizonte
O contraste é um fenómeno na tua alma
Desvendas os segredos que desejas
mas guardas para ti os quadros que desenhas
com cores que tu próprio inventaste.
Tens magia nos mistérios que te envolvem
( sabes que eles te fazem parecer diferente )
Tens mundos desenvolvidos dentro de ti
( é pena já teres nascido ligado ao preconceito )
Estás depravadamente cego
no teu mundo escuro
Os dias caminham numa
constante amargura
Assim é a tua vida.
A cabeça não responde à alma
falta-lhe o espelho onde possa reflectir
todo o seu brilho
Agarra a razão que muitas vezes te acolhe
inventa forças nas poucas pessoas que te entendem
combate até à exaustão esse devaneio.
Usa-o mas não o deixes usar-te.
Procura algum tipo de luz.

Hugo Ribeiro

domingo, 2 de setembro de 2007

O sonho

Não sei que mundo será,
não compreendo porque
é delicioso vivê-lo .
Fantasias únicas e raras
me levam para caminhos falsos
de uma felicidade
que é fuzilada
por uma vida
onde a realidade é bem diferente .
Cada sorriso
que é dado por uma culpada ilusão,
traz momentos de alegria fantásticos ,
leva-me a ultrapassar
todos os limites de tristeza
com um acto lindo de sonhar ...
Falar ,
torna-se mais fácil do que respirar ,
o coração transforma-se
num objecto bonito de se apreciar .
É pena que a realidade
seja um pesadelo
constantemente doloroso ...
Dava a minha vida
para nunca mais acordar
daquela sensação perfeita ,
o sonho ...

António Ribeiro